quinta-feira, 14 de maio de 2009
FEMINISMO - Palavra que incomoda
E vou junto coma Catula puxaro bonde, começar a movimentar...
Quem é feminista aí? E tem homem feminista tb?
Vou postar um texto que não é meu, mas massa, achei fuçando esse site aqui .
Feminismo, a palavra que incomoda
Por Luanda Carignato* 8/3/2009 - 17:31
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O dia 8 de março é a data em que memoramos internacionalmente a mulher e os direitos políticos, sociais e econômicos conquistados por nós. Apesar do que aprendemos sobre as 129 mulheres queimadas vivas numa fábrica em Nova York no ano de 1857, devemos considerar que o surgimento de tal data histórica está muito mais associada aos acontecimentos do início do século XX, à luta de milhões de mulheres que, durante o rápido processo de industrialização e expansão econômica da época, reivindicaram direitos diante das más condições de trabalho e salários reduzidos, além do direito ao voto.
Apesar dos inúmeros direitos conquistados não podemos nos dar ao luxo de apenas comemorá-los, não celebramos o dia da mulher e recordamos os feitos atingidos numa grande festa. A cada dia do ano e a cada 8 de março propomos mais, melhores e maiores mudanças na sociedade com o objetivo da igualdade entre os gêneros, ainda muito longe de ser alcançada.
O senso comum desestimula nossa luta cotidiana, com argumentos de que já chegamos numa igualdade, que não há muito sentido em lutar, que a mulher já ocupa seu lugar no meio social, já trabalha, já dirige, já é presidente, vereadora, deputada, independente, etc. Ou, por outro lado, desvaloriza o nosso 8 de março! Diz: "mas para que um dia para a mulher? Todos os dias são das mulheres...".
Sim, todos os dias são das mulheres e ainda por cima temos um dia específico no ano para ressaltar nossas vozes, vozes que não estão conformadas com as insuficientes mudanças da sociedade em relação ao feminino. Vozes que não estão caladas, que estão insatisfeitas e que acham pouco o que até hoje puderam conquistar. Valorizamos nossas conquistas e queremos mais. Muito mais.
Digo vozes porque são elas tão importantes quanto os atos. Tenho amigas que embora exerçam uma prática feminista em seu cotidiano possuem forte resistência em assumir a palavra "feminismo". Para elas parece uma palavra muito forte, concluem equivocadamente que o feminismo seja, talvez, o inverso do machismo. Confundem-se porque somos levadas o tempo inteiro por falsas impressões, pelo cinismo social e que, mais uma vez, somos todos iguais, as mudanças foram feitas, basta gozar delas.
São grandes e variados os graus de exploração e violência contra as mulheres na atualidade. São, sobretudo, sutis, subliminares, escondidos e, por que não dizer?, dissimulados.
Eu, no entanto, não me esqueço do quanto fazem do nosso corpo mercadoria. Através de um certo glamour dos meios de comunicação, nos vendem em cartazes de cervejas em cada boteco e padaria dessa cidade ou propaganda de TV. Apropriam-se do nosso corpo exigindo que ele seja perfeito, afinal, para essa sociedade, devemos estar sempre magras, maquiadas e produzidas para seu próprio consumo. A partir dessa lógica, torna-se natural no imaginário popular que a mulher está ali e quem se serve é o homem. Não à toa, é sempre uma situação constrangedora observar de longe um grupo de homens - seja na esquina, no bar, na obra - e ter a certeza que seremos de alguma forma abordadas. Cito ainda os casos de assédio sexual nos meios de transportes que são muito freqüentes nos metrôs de São Paulo.
Como mulher e lésbica me deparo com os mesmos problemas duplamente. Recentemente um "amigo" sugeriu que eu compartilhasse minha parceira com ele. O fez com a maior naturalidade na expectativa de realizar seu desejo e onde, provavelmente, eu e a garota em questão, seríamos meras coadjuvantes de sua aventura. Perguntei a mim: será que ele não considera o fato de estarmos juntas e envolvidas sentimentalmente e sexualmente? Ou para ele somos dois corpos a sua disposição? Bem, respondi perguntando se ele não gostaria de dividir sua namorada. Sorriu e disse que não.
Quando não acontece essa proposta, do tipo, "posso me jogar no meio de vocês duas?", rola o famoso, "mas você já ficou com homens?", "Será que você não acabou ficando com o cara errado e por isso se desiludiu?", ou o pior de todos (parte dos homens) "Você é sapatão porque ainda não ficou comigo...".
Tenho medo disso. Mas bato de frente em cada situação. Por essas e outras razões já mencionadas é que afirmo a necessidade urgente das mulheres estarem atentas ao menor sinal de machismo no dia-a-dia e em qualquer lugar.
Não é natural levar um tapa, ser assediada constantemente como se fosse um pedaço de carne ambulante. Sou lésbica porque nasci assim, tenho essa identidade e me orgulho dela. É preciso ter orgulho do que se é, é preciso identificar e combater a violência psicológica e física sobre a mulher, o tráfico sexual de mulheres, a pobreza e a mercantilização do nosso corpo.
De forma que o caminho para uma sociedade mais justa e fraterna aos que desejarem, passa fundamentalmente pelo resgate dos valores femininos. Há que reconhecê-lo por inteiro. A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria.
* Luanda Carignato B. Leal é feminista, lésbica e cursa o segundo ano de Letras na Universidade de São Paulo.
Partiu !?!
Maitê
Marcha Mundial das Mulheres
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Resgate de várias outras coisas também em questão da nossa feminilidade!
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